Sexta-feira, 9 de maio de 2025 Login
A descoberta de uma condição rara no sangue mudou a vida da motorista de ambulância Eliana Custódio e da filha mais nova, hoje já adulta. Durante meses, a menina apresentava sintomas como apatia, falta de apetite, palidez e perda de peso. As consultas se acumulavam, mas o diagnóstico sempre era o mesmo: anemia. A solução proposta também se repetia — suplementação de ferro. Mas os sinais persistiam, e a saúde da criança só piorava.
“Ela ficou internada uma semana, e nada resolvia. Foi quando uma mulher, que eu considero um anjo, me passou o contato de uma médica pediatra. Fizemos uma consulta particular e ela pediu exames específicos, que revelaram a verdadeira causa: talassemia”, relata Eliana.
A mesma investigação levou à descoberta de que Eliana também possui a forma minor da doença. Até então, nunca havia sido diagnosticada, embora exames anteriores já apontassem baixa hemoglobina. O caso evidencia um problema comum: a dificuldade em reconhecer a talassemia, uma condição hereditária, crônica e muitas vezes silenciosa, que afeta a produção de hemoglobina e é frequentemente confundida com outros tipos de anemia.
DIA INTERNACIONAL DA TALASSEMIA
No Dia Internacional da Talassemia, lembrado nesta quinta-feira (8), especialistas reforçam a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo. Apesar de rara, a doença pode causar complicações graves quando não identificada corretamente, incluindo deformidades ósseas, aumento do baço e necessidade de transfusões frequentes em casos mais severos.
No Paraná, cerca de 60 pessoas recebem acompanhamento especializado em cinco cidades: Curitiba, Ponta Grossa, Cascavel, Maringá e Londrina. O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e conta com equipes multidisciplinares formadas por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais.
Além do tratamento, o Estado investe na detecção precoce de doenças hereditárias por meio do Teste do Pezinho, realizado nos primeiros dias de vida. Mais de 300 mil exames foram feitos nos últimos dois anos em bebês paranaenses.
A talassemia é dividida em três tipos — minor, intermédia e major. A forma minor, como a de Eliana e sua filha, geralmente é menos grave, mas ainda exige acompanhamento. Já a major, a mais severa, requer transfusões regulares e o uso de medicamentos de alto custo.
Apesar dos avanços, o desconhecimento sobre a doença ainda é um obstáculo. Casos como o da filha de Eliana demonstram que, mesmo com acompanhamento médico, a talassemia pode passar despercebida por muito tempo. O alerta é claro: insistir em exames específicos e buscar um diagnóstico preciso pode fazer toda a diferença.