Quarta-feira, 21 de maio de 2025 Login
Nesta semana, o gabinete do ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de 82 anos, anunciou que ele foi diagnosticado com uma forma agressiva de câncer de próstata que se espalhou para os ossos. Os exames do ex-presidente identificaram um nódulo prostático, além de sintomas urinários crescentes. A biópsia confirmou um adenocarcinoma prostático com escore de Gleason 9 (Grupo de Grau 5), indicando um câncer de estágio avançado. Apesar da gravidade, a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) afirma que há opções de tratamento eficazes, sendo a radioterapia uma delas.
Erick Rauber, médico radio-oncologista e diretor de comunicação da SBRT, destaca que a radioterapia pode ter uma função importante para o tratamento. “Mesmo em casos avançados, a radioterapia pode desempenhar um papel fundamental no controle da doença. Ela pode ser indicada tanto para o tratamento localizado na próstata, quanto para as áreas com metástases ósseas, com o objetivo de aliviar sintomas, retardar a progressão do câncer e melhorar a qualidade de vida do paciente”, afirma.
Os ossos são o local mais comum de disseminação hematogênica do adenocarcinoma prostático. A presença de metástase óssea no momento do diagnóstico é um dado fundamental para o planejamento de todo o tratamento. “Além da radioterapia, outra possibilidade - mais comum - é a hormonioterapia, que bloqueia a ação da testosterona — principal combustível desse tipo de tumor — e, em alguns casos, há ainda a orquiectomia bilateral, uma cirurgia simples, que pode reduzir os níveis hormonais”, explica Rauber.
Radioterapia para câncer de próstata
A radioterapia é um dos três pilares fundamentais no tratamento do câncer, ao lado da cirurgia e das terapias sistêmicas com medicamentos. No caso do câncer de próstata, ela pode ser indicada tanto como tratamento primário, quanto de forma complementar à cirurgia de retirada da próstata (prostatectomia radical), ou seja, como tratamento de resgate. “A radioterapia tem papel fundamental no tratamento do câncer de próstata. Estudos recentes apontam que técnicas como a radioterapia hipofracionada — com cerca de 20 sessões — e a ultrahipofracionada — com apenas 5 aplicações — vêm se destacando como importantes inovações no tratamento da doença, ao permitirem menos sessões com doses mais altas por fração, mantendo a eficácia e, em muitos casos, reduzindo efeitos colaterais.”, contextualiza.
Os principais tipos de radioterapia utilizados para pacientes diagnosticados com câncer de próstata são a radioterapia de feixe externo e a braquiterapia (radioterapia interna com sementes de iodo ou cateteres com irídio). Dentre as técnicas que usam feixe externo, destaque para a radioterapia de intensidade modulada (IMRT), no qual se modula a intensidade das doses de radiação com maior precisão na próstata, poupando bexiga e reto de doses mais altas de radiação.
Radioterapia no SUS para câncer de próstata - Segundo os dados do Ministério da Saúde e do DataSUS, analisados pela Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), o Brasil soma 71 mil casos de câncer de próstata no país por ano, sendo que 75% desses pacientes dependem exclusivamente do SUS para o tratamento, ou seja, mais de 53 mil pacientes com diagnóstico de tumor maligno na próstata procuram a rede pública. A radioterapia costuma ser indicada em 60% dos casos, o que significa que mais de 32 mil pessoas deveriam estar em tratamento no SUS, mas não é o que acontece, pois apenas 22.541 realizaram radioterapia para câncer de próstata em 2023 no Sistema Único de Saúde (SUS).
A modalidade de IMRT já está disponível no Brasil. Foi incorporada na saúde suplementar (privada) para o tratamento de cânceres de cabeça e pescoço, próstata, pulmão, esôfago e mediastino e está incluída desde janeiro de 2023 no ROL de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Já no Sistema Único de Saúde (SUS), ela esbarra na falta gerada por um modelo engessado de reembolso.
O modelo de pagamentos é por pacotes, que foi implementado no Brasil em fevereiro de 2019. Apesar de ter simplificado o faturamento dos tratamentos, otimizando a auditoria dos serviços e coletado informações estatísticas, ele ainda está muito distante de cobrir os custos com a radioterapia na perspectiva do Estado. “Hoje, o SUS remunera os tratamentos oncológicos com base apenas no tipo de tumor, sem considerar a complexidade ou a tecnologia. Isso desestimula o uso de técnicas mais modernas, como a radioterapia IMRT, que oferecem maior precisão, menos efeitos colaterais e melhores resultados clínicos. Ampliar o acesso a essas tecnologias é investir em tratamentos mais custo-efetivos e sustentáveis a longo prazo para o sistema público de saúde”, finaliza Erick.
Sobre a Sociedade Brasileira de Radioterapia
A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), fundada em 1998, é uma associação civil, científica e sem fins lucrativos que representa os médicos radio-oncologistas legalmente registrados no Brasil. A entidade atua na promoção científica, técnica e ética da especialidade. Mais informações: https://sbradioterapia.com.br/
Fonte: Assessoria de Imprensa