Quarta-feira, 13 de agosto de 2025 Login
No salão comunitário de Doutor Camargo, município da Região Metropolitana de Maringá-PR, a música contagia e os passos se sincronizam em ritmo acelerado. Entre giros, sorrisos e palmas, está Viviane Costa, 23 anos, que pela primeira vez participa de uma aula de zumba. Ela não esconde a empolgação:
“Com a zumba tenho uma melhor qualidade de vida. Consigo perder calorias, além de ser uma ação muito divertida, saudável, melhorando muito minha resistência, minha coordenação e o equilíbrio.”
A história de Viviane é um retrato do que está acontecendo em todo o Paraná: um movimento crescente em direção à saúde e ao bem-estar por meio das Práticas Corporais e Atividade Física (PCAF) ofertadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) dentro da Atenção Primária à Saúde.
Nos últimos dois anos, o estado registrou um crescimento impressionante dessas atividades coletivas: de 31,1 mil em 2022 para 75,3 mil em 2024, um aumento de 141,4%. E a tendência segue positiva — apenas no primeiro semestre de 2025, já foram contabilizadas 39,7 mil ações, superando com folga o desempenho de anos anteriores.
Essa escalada não é mero dado estatístico: significa mais pessoas caminhando, dançando, alongando, se fortalecendo e prevenindo doenças crônicas como diabetes, hipertensão, obesidade e problemas cardiovasculares.
A transformação começa no território
Doutor Camargo é um exemplo claro de como essa política pública ganha vida no cotidiano. As atividades vão muito além da zumba. Há grupos de caminhada, aulas de alongamento, pilates, yoga e até tai chi chuan, integrando práticas mais tradicionais a exercícios recreativos e esportivos.
O impacto é coletivo e silencioso: menos internações por doenças evitáveis, mais disposição para o trabalho, mais interação social e, como aponta a Organização Mundial da Saúde, ganhos expressivos em saúde mental — um tema cada vez mais relevante na atenção básica.
O desafio dos hábitos e o papel da APS
Pesquisas do IBGE revelam que ainda há muito a fazer: em 2019, apenas 29,9% dos adultos paranaenses cumpriam o mínimo de 150 minutos semanais de atividade física moderada. Entre adolescentes, 34% alcançavam os 300 minutos recomendados. Isso significa que boa parte da população ainda vive de forma sedentária, com impacto direto nos custos e na sobrecarga do sistema de saúde.
Nesse contexto, a estratégia da Atenção Primária à Saúde é decisiva. Por estar próxima das comunidades, consegue identificar necessidades locais, criar vínculos e oferecer atividades que não apenas tratam, mas evitam doenças — princípio que, na saúde pública, vale ouro.
Investimento que gera retorno social
O avanço observado no Paraná é resultado também de investimento. Em maio deste ano, o Governo do Estado repassou R$ 8,4 milhões para fortalecer ações de promoção da saúde na APS, como as PCAF. O montante faz parte do Programa Estadual de Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde (Proaps), que prevê R$ 100,9 milhões em 12 meses.
Esse recurso permite que municípios como Doutor Camargo tenham estrutura, profissionais capacitados e regularidade nas atividades, transformando o que poderia ser um evento isolado em uma política pública contínua.