Terça-feira, 29 de julho de 2025 Login
“A mente adoece, o corpo para — e as organizações sentem.” É com essa frase que a neuroterapeuta Cleide Oliveira costuma iniciar suas palestras sobre saúde emocional no ambiente de trabalho. Segundo ela, o adoecimento psíquico tem afetado equipes em diferentes setores e como o cuidado emocional deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade urgente nas empresas e instituições públicas.
“Estamos lidando com pessoas que carregam pressões, inseguranças e traumas. E quando isso não é acolhido ou compreendido, o reflexo aparece no desempenho, nas faltas, nos conflitos internos, nas demissões e nos afastamentos prolongados”, explicou.
Os dados reforçam o alerta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade e a depressão estão entre as principais causas de afastamento laboral no mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Psiquiatria estima que cerca de 30% das licenças médicas têm relação direta com questões emocionais.
Cleide atua com neuroterapia e treinamentos voltados ao desenvolvimento emocional no ambiente corporativo. “Durante muito tempo se acreditou que bastava oferecer psicólogo ou atendimento pontual. Mas isso não resolve o problema estrutural. O que propomos são vivências que promovem consciência e responsabilidade emocional. O colaborador é convidado a se observar, reconhecer padrões e mudar sua forma de se relacionar com o trabalho e com a vida”, disse.
NA PRÁTICA
Em uma das experiências recentes, Cleide conduziu um treinamento com operadoras de telemarketing do Hospital Uopeccan, em Umuarama. Segundo ela, a atividade revelou o quanto pequenas pausas para escuta e autorreflexão podem gerar mudanças no comportamento das equipes. “Foi um encontro simples, mas com efeito profundo. Elas perceberam como estavam reagindo no automático, sem perceber o quanto isso gerava tensão no ambiente. Ao final, muitas relataram sentir mais clareza e controle sobre suas emoções.”
Esse tipo de abordagem está em consonância com a Norma Regulamentadora NR-01 do Ministério do Trabalho, que estabelece diretrizes para ações de prevenção de riscos psicossociais e promoção da saúde emocional no ambiente corporativo. “Não se trata apenas de cuidado. Trata-se também de uma exigência legal. Organizações precisam compreender que saúde emocional não é custo, é investimento”, destacou.
No Paraná, algumas administrações públicas já começam a incorporar essa visão. O Tribunal de Contas do Estado, por exemplo, recomendou recentemente que órgãos municipais adotem programas de capacitação emocional para seus servidores. “É um avanço. Servidores mais conscientes e emocionalmente preparados tendem a prestar um serviço público mais eficaz, com menos adoecimento e menor rotatividade”, comentou.
Os efeitos positivos podem se estender além do local de trabalho. “Um colaborador que aprende a lidar com suas emoções tende a ser mais equilibrado em casa, com a família, com os filhos. Isso reflete em relações sociais mais saudáveis. Ou seja, cuidar da saúde emocional é uma ação de utilidade pública. Melhora o clima organizacional, reduz afastamentos e alivia o sistema público de saúde.”
Cleide, que também é gestora hospitalar e possui certificações internacionais em neuroterapia, destaca que o desafio ainda é cultural. “Falar sobre emoções no ambiente de trabalho ainda é visto com resistência. Há quem ache que isso é assunto particular. Mas o impacto está ali, no dia a dia, nos números de produtividade, nas relações desgastadas.”
Para ela, o caminho é claro: “Não basta treinar competências técnicas. Precisamos treinar a capacidade humana de lidar com emoções. É isso que sustenta uma equipe forte, resiliente e conectada.”
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Cleide Oliveira é neuroterapeuta, gestora hospitalar e palestrante. Atua com treinamentos presenciais e consultorias para instituições públicas e privadas. É certificada em neuroterapia nos Estados Unidos, com especializações em Frequência Vibracional, Sonoterapia e formação em Psicanálise Clínica.
Contato: 44 9893-2687 e (44) 99731-1154