Quinta-feira, 1 de maio de 2025 Login
Neste Dia Internacional do Trabalho e do Trabalhador, muito além das merecidas homenagens aos milhões de brasileiros e brasileiras que constroem com suas mãos, mentes e corações o nosso país, precisamos fazer uma pausa reflexiva: como o trabalho impacta nossa saúde física e mental? E, mais importante, o que faz de um trabalho algo que vai além da sobrevivência — algo que também nos traga satisfação, propósito e bem-estar?
Pesquisas recentes publicadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelam dados alarmantes: longas jornadas de trabalho (acima de 55 horas semanais) estão associadas a um risco 35% maior de acidente vascular cerebral e 17% maior de morrer por doenças cardíacas em comparação com jornadas regulares. Além disso, o estresse crônico relacionado ao trabalho é um dos principais fatores de risco para transtornos de ansiedade e depressão, que figuram hoje entre as doenças mais incapacitantes do mundo, segundo a OMS.
Ou seja: o trabalho, que deveria ser fonte de realização e autonomia, muitas vezes se transforma em um gatilho poderoso para adoecimento.
Felizmente, nem toda história segue essa trajetória preocupante. Quando encontramos um trabalho que nos conecta com valores pessoais, talentos e senso de propósito, os benefícios transbordam para todas as áreas da vida. Estudos da psicologia positiva mostram que pessoas que sentem satisfação no trabalho têm melhor saúde cardiovascular, menos sintomas depressivos, maior engajamento social e até uma expectativa de vida mais longa.
Trabalhar com significado gera pertencimento, aprendizado contínuo e crescimento pessoal. Ele nos estimula a desenvolver habilidades, aprimorar relações interpessoais e alimentar a autoestima — pilares essenciais para o bem-estar integral.
Mas e quando o trabalho já não nos alimenta? Quando se torna apenas uma obrigação mecânica, um peso emocional ou mesmo uma ameaça à saúde física e mental? A resposta para essa pergunta requer coragem e autoconhecimento.
Especialistas em carreira recomendam que sinais como exaustão constante, perda de interesse, ansiedade excessiva, sensação de estagnação e desconexão com os próprios valores sejam levados a sério. Nessas horas, buscar uma nova carreira não é sinal de fraqueza ou inconstância — é sinal de inteligência emocional e cuidado consigo mesmo.
Mudar de carreira, ainda que desafiador, pode ser transformador. Requer planejamento, pesquisa, apoio de rede, possivelmente novos cursos e treinamentos. No entanto, os ganhos emocionais, cognitivos e sociais costumam compensar: mais engajamento, propósito, criatividade, satisfação e saúde.
Vale lembrar que não apenas o indivíduo carrega a responsabilidade de tornar o trabalho mais saudável e significativo. Empresas que investem em clima organizacional positivo, programas de bem-estar, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, inclusão e oportunidades de desenvolvimento têm equipes mais produtivas, criativas e leais. A sociedade como um todo também deve cultivar políticas públicas que assegurem condições dignas de trabalho, remuneração justa e proteção à saúde física e mental dos trabalhadores.
Neste Dia do Trabalho, a maior homenagem que podemos fazer a nós mesmos é perguntar: meu trabalho me aproxima ou me afasta de quem eu quero ser? Ele contribui para meu crescimento, meu bem-estar e minhas relações? Ou chegou a hora de abrir espaço para novos caminhos?
Buscar mais do que um contracheque no fim do mês é, acima de tudo, um compromisso com nossa saúde integral e com a construção de uma vida mais plena, rica e significativa.
Que possamos, todos, encontrar trabalho que nos fortaleça — não que nos adoeça.
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